Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria. Jorge Luis Borges

Resenha: O Atlas Esmeralda


Título: O Atlas Esmeralda
Autor: John Stephens
Editora: Suma de letras
Ano de lançamento: 2011
Número de Páginas: 295


Avaliação         



       É bastante comum vermos a falta de interesse dos adolescentes quando o assunto é leitura, principalmente quando falamos de Brasil, onde falta um estimulo do governo em nos aproximar desse universo maravilhoso. A leitura era, muitas vezes, vista pelos jovens como algo chato, obrigatório. Esse panorama muda quando começam a surgir estórias voltadas para os interesses desse público, infanto-juvenil. Obras renomadas como As Crônicas de Nárnia, Harry Potter e Percy Jackson fizeram e ainda fazem sucesso nesse gênero. O Atlas Esmeralda de John Stephens bebe nessa mesma fonte e, é mais um desses livros que merecem ser lidos por apreciadores do gênero.

      No Atlas Esmeralda, somos apresentados a três irmãos Kate, Michael e Emma; Essas crianças foram abandonadas pelos pais quando ainda eram muito pequenas e foram levadas, às pressas, para um esconderijo por razão de estarem em perigo. Assim, passaram a vagar em orfanatos sem quase nenhuma lembrança dos seus geradores, a única que tinha fixa em sua mente a imagem da mãe pedindo que cuidasse de seus irmãos, era a mais velha, Kate.

“(...) A mãe se debruçava sobre ela.- Kate - a voz era baixa e urgente -, escute com muita atenção. Preciso que mantenha o seu irmão e a sua irmã em segurança. Você entende? Preciso que mantenha o Michael e a Emma em segurança.(...)- Lembre-se que o seu pai e eu amamos muito vocês. E vamos todos ficar juntos de novo. Eu prometo.

       Dez anos depois - anos estes de muitos orfanatos- Kate, Michael e Emma continuam esperançosos pelo aguardado encontro com os seus pais, perdem a última chance de serem adotados e são mandados para um orfanato em Cambridge Falls, uma cidade estranha, sombria e que, curiosamente, não tinha crianças. O orfanato não era tão diferente, eles eram as únicas crianças no local, a casa era absurdamente grande e com um ar misterioso.

       Durante as andanças pelos corredores acabam parando em uma espécie de laboratório com papeis velhos por toda parte e se deparam com um livro de capa verde esmeralda que chamam a sua atenção.

(...) O teto era arredondado, dando ao espaço uma sensação de caverna, e não sabiam se era muito grande, muito pequeno ou de tamanho normal. Cada vez que viravam, as paredes pareciam ter mudado de posição. Havia livros e papéis em toda parte, empilhados no chão, nas mesas, amontoados nas estantes.

       A partir daí se inicia uma aventura com tudo que um livro do gênero tem direito bruxas, magos, anões, monstros, gigantes e uma narrativa espetacular.
E falando sobre a narrativa... Ela é realmente incrível. Stephens faz bonito com as palavras nos ajudando a imaginar o proposto com facilidade, são muitas as imagens que o livro nos oferece assim, fica quase impossível não ser envolvido pela obra. As aventuras estão em todas as partes do livro e todas bem estruturadas o que nos faz, praticamente morar em Cambridge Falls.

       Confesso que não esperava muito desse livro, imaginei que seria mais uma paráfrase de C.S.Lewis (As Crônicas de Nárnia) e J.K Rowling (Harry Potter) felizmente fui surpreendido. Claro, John Stephens é fã desses autores e essa obra tem certas influências dos mesmos, em certo momento é impossível não fazer menções dos livros de C.S.Lewis ou J.K.Rowling, mas isso não passa de um momento, a obra de Stephens não é uma cópia, ao contrário é bastante autêntica e original, com situações que, acredite você não conseguirá imaginar. É um livro imprevisível.

      Portanto, como já sou muito fã de livros do gênero, O Atlas Esmeralda é com certeza mais uma saga que recebe a minha atenção. É um livro que eu recomendo, vale a sua pupila. As aventuras nas quais somos "obrigatoriamente levados" é feita através de uma escrita soberba e isso merece destaque.

Booktrailer


Sobre os outros livros... 

       O Atlas Esmeralda é o primeiro livro da Trilogia Os Livros do Princípio, sendo esse a Parte I. A parte II foi lançado nos EUA com o título de The Fire Chronicle e a única coisa que podemos fazer é aguardar ansiosamente pela versão brasileira. Com certeza a terceira parte vai demorar.

Resenha: A Culpa é das Estrelas





Título: A Culpa é das Estrelas
Autor: John Green
Editora: Intríseca
Ano de lançamento: 2012
Número de Páginas: 286

Avaliação

       Eu estava muito curioso para ler esse livro, afinal o marketing de A Culpa é das Estrelas é grandioso. John Green arrebatou milhares de fãs com essa obra. Suas frases estão em várias páginas das redes sociais; todo esse sucesso é merecido, uma vez que Green cria uma obra encantadora, que como diz Markus Zusak, "você vai rir, vai chorar, e ainda vai querer mais." 

       O livro é muito bom. É narrado em primeira pessoa, sendo esta Hazel Grace, uma garota que descobriu que tinha câncer terminal aos 13 anos. Seu caso tem uma mudança quando recebe ajuda de um medicamento que, milagrosamente, faz com que seus tumores tenham uma considerável redução. Hazel não tinha motivo para querer viver, já estava cansada de carregar um cilindro de oxigênio que alerta aos seus pulmões para não se esquecerem de cumprirem seus trabalhos. Mas, algo iria marcar a vida de Hazel, e esse marco tem um nome, se chama Augustus Waters, o Gus. Um cara bonito, musculoso e de uma perna só -uma vez que o câncer levou a outra.

(...) Na boa, ele era um gato.

       Juntos, irão viver cômicos, alegres e tristes dias. Tudo envolto em uma linda paixão.


       Todo mundo tem o seu livro preferido, Grace também tem o dela, o chamado Uma Aflição Imperial, um livro de Peter Van Houten cujo final é indefinido. Achei essa parte da obra um pouco infantil, a personagem dá muita importância em descobrir o final do livro de Van Houten e isso é algo que acaba sendo fútil diante dos problemas ao qual somos apresentados em ACEDE. 


       A narrativa é perfeita, John Green realmente é um autor incrível. O tema tinha tudo para ser monótono, chato afinal, estamos falando de uma doença séria, pertinente na vida de várias pessoas, porém John consegue abordar esse assunto de uma maneira incrível, fazendo com que a leitura flua, arrancando sorrisos em algumas partes do livro.

“Contei ao Augustus a versão resumida do meu milagre: diagnosticada com câncer de tireoide em estágio IV aos treze anos. (Não contei que o diagnóstico veio três meses depois da minha primeira menstruação. Tipo: Parabéns! Você já é uma mulher. Agora morra.)"


"(...) Mamãe me conectou a um cilindro portátil e me lembrou que eu tinha aula. -Foi aquele menino que deu isso pra você? - ela perguntou. - Com isso você quer dizer herpes? - Você é impossível - mamãe comentou. - O livro, Hazel. Estou falando do livro. "

       A linguagem é bem construída, coesa e coerente, com bastante referenciação. A metáfora é um recurso que se faz bastante presente resultando em "tom literário" e filosófico no livro. A obra me apresentou reflexões bem instigantes. É um livro que nos faz analisar nossa postura enquanto Ser, não é apenas uma obra com frases bonitas para colocarmos nas redes sociais. Não. É uma obra que tem uma mensagem filosófica que merece atenção.

“Não sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1. Tem o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Alguns infinitos são maiores que outros... Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Eu queria mais números do que provavelmente vou ter.”

       Não cheguei a chorar lendo o livro. Achei o romance muito bonito, com um estilo bem adolescente, e com uma temática interessante. Mas, tem algo no livro que não me deixa dizer que ele é o melhor, o livro é muito bom, mas acho que o fato de Hazel querer tanto saber o fim de Uma Aflição Imperial (UAI) acaba deixando o livro um pouco desnorteado. O final é não ter final, algo que parece ser uma repetição de UAI . Deixa algo no ar, um vácuo. O livro acaba gradativamente, de repente, de uma hora para outra. Ainda sim, é um ótimo livro, que merece toda a sua atenção e está com certeza na lista dos melhores livro que eu já li. É incompletamente completo. Se você não ler esse livro, aí a culpa já não será mais das estrelas. 

Abraços!