Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria. Jorge Luis Borges

Resenha: As Vantagens de Ser Invisível


Título: As Vantagens de Ser Invisível
Autor: Stephen Chbosky
Editora: Rocco Jovens Leitores
Ano de lançamento: 2007
Número de Páginas: 223

Avaliação

       A adolescência é um momento da vida onde tudo é muito intenso, é nessa altura que descobrimos, conhecemos, praticamos e questionamos. Afinal, é nessa etapa que “formamos” o nosso adulto futuro. O livro é sobre esse universo adolescente. Pensei por um momento que seria aquele típico roteiro americano de adolescentes com drogas, sexo e tudo mais... Bem, na verdade, o livro tem tudo isso, mas não é narrado de forma “típica”.


       Charlie está no primeiro ano do High School (ensino médio norte-americano), e claro, como grande parte dos adolescentes, está receoso quanto a isso, principalmente, por ter certa dificuldade em participar, fazer amigos. Charlie é o garoto nerd, excluído e “impopular”, seu único amigo cometeu suicídio, sua tia Helen morreu e sua família parece não ter “laços estreitos” entre si. Porém, é quando ele conhece Sam, Patrick e o professor Bill que a sua vida passa a tomar outro rumo.


“Então, esta é a minha vida. E quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim.”


       Bill é um professor extraordinário que incentiva Charlie a navegar pelo incrível mundo da leitura, emprestando-o livros e pedindo relatórios de Charlie sobre os mesmos. Já Sam e Patrick são estudantes do último ano, populares, e são aqueles que parecem saber, realmente, curtir essa fase, e, é com eles que Charlie vai passar a descobrir e conhecer o que é, de fato, viver a adolescência no final do século XX e, além disso, o valor de uma verdadeira amizade. 

    Sexo, drogas, rock’n roll e festas mudam, completamente, a rotina de Charlie. O personagem evolui e nós acompanhamos esses passos.



"(...) Especial. Porque eu acho que todos nós nos esquecemos às vezes. E eu acho que todo mundo é especial à sua própria maneira."


       O livro é um conjunto de cartas de Charlie relatando sobre os seus acontecimentos para um amigo desconhecido, e isso é extraordinário, pois nos torna intimamente conectados com o universo do garoto. Passamos a ter acesso aos seus pensamentos ingênuos e o seu modo peculiar de ver o mundo, que é encantador.

       A estória nos é apresentada em uma linguagem simples, envolvente e bastante original, não será surpresa caso você se pegue sorrindo em alguns pensamentos de Charlie.

       Charlie é um personagem incrível e por isso, acaba sendo extremamente difícil descrevê-lo. Não serei eu capaz de descrever tão meticulosamente. Mas, imagine aquele personagem que você sente a vontade de ser amigo... Pronto, Charlie.

       Stephen cria um contexto espetacular, com medos e vontades, amor e ódio e todos os assuntos possíveis do universo adolescente, mas a forma como esses assuntos estão inseridos na história e o modo como esta é narrada foi o que fez esse livro mexer comigo. Eu de fato me identifiquei muito com o livro. Me emocionei, sorrir, sentir raiva e refletir bastante sobre os assuntos pertinentes ao meu mundo. É como termos um arquivo confidencial em mãos.

       É começando com “Querido Amigo” e terminando com “Com amor, Charlie” que lemos e nos apegamos a essa obra. Foi bastante difícil colocar toda a genialidade de Stephen Chbosky em As vantagens de ser Invisível nessa misera resenha, pois esse livro é genial. Portanto, preciso agradecer ao Stephen por ter me dado à oportunidade de, sorrir, chorar, refletir e claro, me sentir infinito. Ou seria a Charlie?

"Porque não há problema em sentir as coisas. E ser quem você é."

Resenha: Jogos Vorazes





Título: Jogos Vorazes
Autora: Suzanne Collins
Editora: Rocco Jovens Leitores
Ano de lançamento: 2008
Número de Páginas: 397 

Avaliação
       Já fazia um bom tempo que estava com vontade de ler esse livro, como já disse em outras resenhas, gosto muito de livros desse tipo. Posso adiantar que gostei desse romance, mas também que esperava muito mais do mesmo. Ele não é isso tudo que alarmam por aí...

       Na obra de Suzanne Collins passamos a conhecer Panem. Uma nova nação que surgiu após a destruição da América do Norte. Panem era formada por 13 distritos e uma capital, que comandava como bem entendesse toda a nação. Após a revolta do 13º distrito contra tais abusos de poder da capital, esse distrito deixa de existir, ou seja, o distrito 13 faz uma revolta e acaba perdendo, sendo totalmente destruído. A capital, como forma de lembrar a todos o que acontece quando um deles se revoltam contra a mesma, cria os Jogos Vorazes.

       Os Jogos Vorazes é uma competição desumana, que acontece anualmente. Logo, todos os anos, um garoto e uma garota chamados de tributos, que possui idade entre doze e dezoito anos, de cada distrito, são escolhidos em um sorteio chamado “colheita” para se digladiarem em uma arena e animarem todo o público da capital. O jogo é feito de morte do inicio ao fim, resultando em um vencedor, e este só será considerado de tal maneira, quando todos os outros garotos e garotas estiverem sem vidas.

       No livro estamos na 74 edição dos jogos, como também estamos na primeira vez em que a querida irmã de Katniss Everdeen , Prim terá seu nome entre as possibilidades de escolha para os jogos. E sim, o pior acontece, o único papel de Prim é o escolhido. Porém, Katniss não iria deixar a irmã delicada ir para tão brutal arena, e se oferece como tributo. Entre os garotos estava praticamente certo que quem iria ser escolhido era Gale, um grande amigo de Katniss, afinal ele tinha uma quantidade absurda de papeis no sorteio, mas quem acaba sendo escolhido é Peeta Mellark, um menino que havia ajudado Kate em um momento muito difícil, de vida ou morte,  e, que futuramente iria se declarar como um tremendo apaixonado por ela. 

       Eles não têm nenhuma chance de saírem vivos, também queíra, o distrito 12 é o mais pobre de todos, grande parte das pessoas passam fome. Mas, talvez essa necessidade tenha contribuído para certas habilidades. 

       Está feito o enredo, 24 adolescentes lutando pelas suas vidas em uma arena hóstil onde tudo pode acontecer, Katniss lutando contra todos, inclusive Peeta, afinal apenas um tributo pode vencer esse jogo, eles estão na mira da morte e não tem escapatória. Não necessariamente dessa forma. 

       Bem, o assunto abordado em Jogos Vorazes já me parece bem familiar, não sei a onde, mas tenho a impressão de que já vi essa estória. Logo, o que Suzanne Collins nos apresenta acaba não sendo tão inovador. Por outro lado, é o desenrolar das ações que fazem com que o livro seja tão bem conceituado entre o seu público. 

       O livro é narrado em primeira pessoa, Katniss quem nos apresenta os fatos, confesso que em alguns momentos eu fiquei um pouco entendiado, mas a autora ainda assim, consegue criar uma ligação entre leitor-livro que nos instiga e nos faz torcer pelas personagens. Falando nas personagens... elas são muito fortes e cativantes, algo que aproxima ainda mais o leitor nesse universo. Collins cria, desenvolve e finaliza as situções com maestria e a linguagem utilizada pela autora é muito boa, simples e adequada. 

       É ainda possível perceber que a autora faz uma "crítica" quando aborda uma sociedade futurista, teoricamente mais avançada, porém com os mesmo "jogos humanos" utilizados desde o Coliseu. Os jogos vorazes são, praticamente, coliseus com aparatos tecnólogicos, uma vez que possui a mesma proposta: oferecer o "circo" para população,  ou seja, uma diversão através de práticas crueis para uma massa alienada. Mostrando, mais uma vez, como a sociedade vem fazendo mais do mesmo. 

       Para concluirmos, a trilogia jogos vorazes é um sucesso, disso não temos dúvidas. Porém, o que também não temos dúvidas é sobre o sentimento de déjà vu que nos passa quando conhecemos o livro, parece um remake. Por considerar a estória como a principal parte de um livro, Jogos Vorazes acaba me decepcionando nesse quesito, principalmente quando temos um grande alarde de pessoas falando que o livro é extraordinário. O livro não é isso tudo. Contudo, apesar de não se nada extraordinário, a obra de Collins apresenta uma boa narrativa, forte e séria, com personagens cativantes e um final "bem bolado". Comparado com outros livros do gênero, como Harry Potter, Percy Jackson e entre outros, Jogos Vorazes me parece um livro mas sério, "adulto", talvez por tratar de algo mais real, sem a mágia frequente nesse gênero. Enfim,  ainda que não seja "essa bola toda" eu pretendo ler os outros dois livros da série. 


Abraços!


Resenha: O Circo da Noite



Título: O Circo da Noite
Autor: Erin Morgenstern
Editora: Intríseca
Ano de lançamento: 2012
Número de Páginas: 368

Avaliação


       Desde muito cedo somos convidados a vaguear pelo mundo da magia. Quando criança vem todos aqueles contos de fadas e depois que crescemos fazemos certa resistência ao lúdico, resistência essa que não têm sucesso, pois em variados momentos da nossa vida pegamos-nos “fantasiando”. Além disso, a imaginação é uma coisa fantástica e, é isso que torna a leitura tão interessante. Agora juntemos uma porção de: Mágica + Leitura + Uma escrita impecável e temos O Circo da Noite, livro de Erin Morgenstern, um livro mágico.

       Primeiramente preciso falar sobre a capa desse livro, é uma capa muito bonita e cheia de detalhes, é nítido o cuidado que tiveram com o design dessa obra, parabéns para a editora.

       Agora podemos partir para o que temos nas entrelinhas do livro.

       Pois bem, na obra somos apresentados ao Le Cirque des Revês (O Circo dos Sonhos), criado a partir da junção de ideias do Monsieur Lefèvre, Sr. Barris, as irmãs Burgess, Madame Padva e uma pequena ajuda do relojoeiro Herr Thiessen. Um circo incrivelmente mágico, todo em preto e branco e que tem um único propósito: ser o palco de uma “competição” envolvendo dois jovens, Celia e Marcos.

       A competição fora declarada quando dois velhos amigos se encontraram há muito tempo atrás, ainda quando Celia e Marcos eram muito jovens e não imaginavam o poder que detinham. Próspero (O mágico) e seu amigo de terno cinza selaram, mais uma vez, o acordo que deveria resultar na morte do perdedor. 

       Depois de logos anos de treinamentos e sem nunca se conhecerem, o circo parece o lugar ideal para esse encontro. A partir daí temos o enredo principal. Dois jovens ilusionistas, mágicos, magos, bruxos, ou o que quer que sejam devem “lutar” até que só um fique vivo. Porém, Celia e Marcos não encaram isso como competição, e sim como uma parceria. Inocentes, acabam cedendo aos encantos do amor. 

       Eu fiquei fascinado com esse livro. Muitas pessoas disseram que o ritmo do livro é lento, cansativo, ruim. Discordo. Erin Morgenstern escreve de maneira magnífica, o modo como ela descreve os fatos, faz com que a leitura seja leve, de acordo com o seu próprio ritmo. Essa percepção que muitas pessoas tiveram de o livro ser cansativo, pode ter sido ocasionada pelo fato da obra não apresentar diálogos em cada folha, é comum você lê duas folhas sem diálogos. É um livro descritivo, mas sem aquela sensação de “não tem necessidade de ele descrever isso” O comum: “ocupar páginas”. A descrição é exata e, é por isso que o leitor é, facilmente, transportado para o universo do livro. A obre é, em grande parte, narrativa em 3º pessoa, porém, apresenta alguns “mini-capitulos” (de uma única folha) que é escrito em segunda pessoa, isso resulta que o livro interage com você e facilmente o leitor é transportado do mundo real para o lúdico, acabando por vaguear pelo circo. Todas as vezes que abria a página para dar continuidade a minha leitura, me sentia no picadeiro. Escutei sons, senti aromas, temperatura e emoção. 

       A autora não tem uma ordem em relação ao tempo, ela faz sempre transições entre passado e futuro, ou seja, em um capitulo é 1873, no outro pode ser 1875 e no próximo 1873 novamente, isso acaba sendo interessante pois cria uma dinâmica diferente, claro, o leitor vai ter que fazer algumas retomadas, mas isso não atrapalha. 

       Se por um lado a escrita é sublime, o enredo tem alguns deslizes feios. Um deles é a falta de verossimilhança. É complicado falar de verossimilhança em um livro de "mágico", onde tudo é “possível”, mas a maneira como Marcos descobre que Celia é sua oponente fica sem sentido, uma parte fria da história, ainda mais se tratando do “estopim” do enredo. Outra parte que achei muito ruim no livro, foi o envolvimento de Celia e Marco, faltou sentimento do casal, profundidade, tudo acontece de maneira muito fria, o resultado é que esse casal não convence. Entendo que talvez a autora não quisesse desnortear o tema principal para uma paixão proibida, mas se não queria não deveria colocar de tal maneira na sinopse do livro. A sinopse... é PÉSSIMA, não leia as orelhas desse livro, você vai se iludir e criar expectativas que vão acabar com sua leitura. Esteja ciente, que esse livro não é sobre “Um casal lutando contra tudo e todos”, mas sim sobre o circo. 

       O tema principal é o circo. Ah, o circo! Ele é que é o verdadeiro protagonista. É incrível esse circo, não tem como não ficar maravilhado. É fantástico, mágico, exótico e até misterioso. Com certeza, sou um integrante da família Rêveur, fiquei desolado quando fechei a última folha e vi o circo ir embora... pra algum lugar do mundo, mas fico feliz por saber que, por alguns dias, eu visitei o “Le Cirque de Reves”. 

       Portanto, as falhas não tiram o encanto da estreia de Erin em “O Circo da Noite” Um livro exótico, criativo e envolvente que apresenta uma linguagem soberba. Parafraseando o The Christian Science Monitor

“O único desapontamento de verdade é saber que jamais poderemos comprar um ingresso”. 

O Circo da Noite vai virar filme pois, os direitos de adaptação cinematográfica da obra foram adquiridos pela Summit Entertainment, estúdio que produziu os filmes da Saga Crepúsculo. 

Abraços galera e até a próxima! :)

Resenha: O Atlas Esmeralda


Título: O Atlas Esmeralda
Autor: John Stephens
Editora: Suma de letras
Ano de lançamento: 2011
Número de Páginas: 295


Avaliação         



       É bastante comum vermos a falta de interesse dos adolescentes quando o assunto é leitura, principalmente quando falamos de Brasil, onde falta um estimulo do governo em nos aproximar desse universo maravilhoso. A leitura era, muitas vezes, vista pelos jovens como algo chato, obrigatório. Esse panorama muda quando começam a surgir estórias voltadas para os interesses desse público, infanto-juvenil. Obras renomadas como As Crônicas de Nárnia, Harry Potter e Percy Jackson fizeram e ainda fazem sucesso nesse gênero. O Atlas Esmeralda de John Stephens bebe nessa mesma fonte e, é mais um desses livros que merecem ser lidos por apreciadores do gênero.

      No Atlas Esmeralda, somos apresentados a três irmãos Kate, Michael e Emma; Essas crianças foram abandonadas pelos pais quando ainda eram muito pequenas e foram levadas, às pressas, para um esconderijo por razão de estarem em perigo. Assim, passaram a vagar em orfanatos sem quase nenhuma lembrança dos seus geradores, a única que tinha fixa em sua mente a imagem da mãe pedindo que cuidasse de seus irmãos, era a mais velha, Kate.

“(...) A mãe se debruçava sobre ela.- Kate - a voz era baixa e urgente -, escute com muita atenção. Preciso que mantenha o seu irmão e a sua irmã em segurança. Você entende? Preciso que mantenha o Michael e a Emma em segurança.(...)- Lembre-se que o seu pai e eu amamos muito vocês. E vamos todos ficar juntos de novo. Eu prometo.

       Dez anos depois - anos estes de muitos orfanatos- Kate, Michael e Emma continuam esperançosos pelo aguardado encontro com os seus pais, perdem a última chance de serem adotados e são mandados para um orfanato em Cambridge Falls, uma cidade estranha, sombria e que, curiosamente, não tinha crianças. O orfanato não era tão diferente, eles eram as únicas crianças no local, a casa era absurdamente grande e com um ar misterioso.

       Durante as andanças pelos corredores acabam parando em uma espécie de laboratório com papeis velhos por toda parte e se deparam com um livro de capa verde esmeralda que chamam a sua atenção.

(...) O teto era arredondado, dando ao espaço uma sensação de caverna, e não sabiam se era muito grande, muito pequeno ou de tamanho normal. Cada vez que viravam, as paredes pareciam ter mudado de posição. Havia livros e papéis em toda parte, empilhados no chão, nas mesas, amontoados nas estantes.

       A partir daí se inicia uma aventura com tudo que um livro do gênero tem direito bruxas, magos, anões, monstros, gigantes e uma narrativa espetacular.
E falando sobre a narrativa... Ela é realmente incrível. Stephens faz bonito com as palavras nos ajudando a imaginar o proposto com facilidade, são muitas as imagens que o livro nos oferece assim, fica quase impossível não ser envolvido pela obra. As aventuras estão em todas as partes do livro e todas bem estruturadas o que nos faz, praticamente morar em Cambridge Falls.

       Confesso que não esperava muito desse livro, imaginei que seria mais uma paráfrase de C.S.Lewis (As Crônicas de Nárnia) e J.K Rowling (Harry Potter) felizmente fui surpreendido. Claro, John Stephens é fã desses autores e essa obra tem certas influências dos mesmos, em certo momento é impossível não fazer menções dos livros de C.S.Lewis ou J.K.Rowling, mas isso não passa de um momento, a obra de Stephens não é uma cópia, ao contrário é bastante autêntica e original, com situações que, acredite você não conseguirá imaginar. É um livro imprevisível.

      Portanto, como já sou muito fã de livros do gênero, O Atlas Esmeralda é com certeza mais uma saga que recebe a minha atenção. É um livro que eu recomendo, vale a sua pupila. As aventuras nas quais somos "obrigatoriamente levados" é feita através de uma escrita soberba e isso merece destaque.

Booktrailer


Sobre os outros livros... 

       O Atlas Esmeralda é o primeiro livro da Trilogia Os Livros do Princípio, sendo esse a Parte I. A parte II foi lançado nos EUA com o título de The Fire Chronicle e a única coisa que podemos fazer é aguardar ansiosamente pela versão brasileira. Com certeza a terceira parte vai demorar.

Resenha: A Culpa é das Estrelas





Título: A Culpa é das Estrelas
Autor: John Green
Editora: Intríseca
Ano de lançamento: 2012
Número de Páginas: 286

Avaliação

       Eu estava muito curioso para ler esse livro, afinal o marketing de A Culpa é das Estrelas é grandioso. John Green arrebatou milhares de fãs com essa obra. Suas frases estão em várias páginas das redes sociais; todo esse sucesso é merecido, uma vez que Green cria uma obra encantadora, que como diz Markus Zusak, "você vai rir, vai chorar, e ainda vai querer mais." 

       O livro é muito bom. É narrado em primeira pessoa, sendo esta Hazel Grace, uma garota que descobriu que tinha câncer terminal aos 13 anos. Seu caso tem uma mudança quando recebe ajuda de um medicamento que, milagrosamente, faz com que seus tumores tenham uma considerável redução. Hazel não tinha motivo para querer viver, já estava cansada de carregar um cilindro de oxigênio que alerta aos seus pulmões para não se esquecerem de cumprirem seus trabalhos. Mas, algo iria marcar a vida de Hazel, e esse marco tem um nome, se chama Augustus Waters, o Gus. Um cara bonito, musculoso e de uma perna só -uma vez que o câncer levou a outra.

(...) Na boa, ele era um gato.

       Juntos, irão viver cômicos, alegres e tristes dias. Tudo envolto em uma linda paixão.


       Todo mundo tem o seu livro preferido, Grace também tem o dela, o chamado Uma Aflição Imperial, um livro de Peter Van Houten cujo final é indefinido. Achei essa parte da obra um pouco infantil, a personagem dá muita importância em descobrir o final do livro de Van Houten e isso é algo que acaba sendo fútil diante dos problemas ao qual somos apresentados em ACEDE. 


       A narrativa é perfeita, John Green realmente é um autor incrível. O tema tinha tudo para ser monótono, chato afinal, estamos falando de uma doença séria, pertinente na vida de várias pessoas, porém John consegue abordar esse assunto de uma maneira incrível, fazendo com que a leitura flua, arrancando sorrisos em algumas partes do livro.

“Contei ao Augustus a versão resumida do meu milagre: diagnosticada com câncer de tireoide em estágio IV aos treze anos. (Não contei que o diagnóstico veio três meses depois da minha primeira menstruação. Tipo: Parabéns! Você já é uma mulher. Agora morra.)"


"(...) Mamãe me conectou a um cilindro portátil e me lembrou que eu tinha aula. -Foi aquele menino que deu isso pra você? - ela perguntou. - Com isso você quer dizer herpes? - Você é impossível - mamãe comentou. - O livro, Hazel. Estou falando do livro. "

       A linguagem é bem construída, coesa e coerente, com bastante referenciação. A metáfora é um recurso que se faz bastante presente resultando em "tom literário" e filosófico no livro. A obra me apresentou reflexões bem instigantes. É um livro que nos faz analisar nossa postura enquanto Ser, não é apenas uma obra com frases bonitas para colocarmos nas redes sociais. Não. É uma obra que tem uma mensagem filosófica que merece atenção.

“Não sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1. Tem o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Alguns infinitos são maiores que outros... Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Eu queria mais números do que provavelmente vou ter.”

       Não cheguei a chorar lendo o livro. Achei o romance muito bonito, com um estilo bem adolescente, e com uma temática interessante. Mas, tem algo no livro que não me deixa dizer que ele é o melhor, o livro é muito bom, mas acho que o fato de Hazel querer tanto saber o fim de Uma Aflição Imperial (UAI) acaba deixando o livro um pouco desnorteado. O final é não ter final, algo que parece ser uma repetição de UAI . Deixa algo no ar, um vácuo. O livro acaba gradativamente, de repente, de uma hora para outra. Ainda sim, é um ótimo livro, que merece toda a sua atenção e está com certeza na lista dos melhores livro que eu já li. É incompletamente completo. Se você não ler esse livro, aí a culpa já não será mais das estrelas. 

Abraços!


Resenha: A Batalha do Apocalipse





Título: A batalha do apocalipse
Autor: Eduardo Sphor
Editora: Verus
Ano de lançamento: 2010
Número de Páginas: 586

Avaliação:





       É inerente ao ser humano, diante de tantos pensamentos místicos que assolam a nossa mente, não questionar-se sobre o fim do mundo. Como aconteceria? irão todos morrer? Jesus vai voltar? De fato, irá acontecer? Essas são perguntas que estão além da capacidade humana para suas devidas resoluções convictas, pois estão relacionadas a fé e crença individuais. Mas, ainda sim, podemos criar a nossa própria história para o Armageddon e, é isso que Eduardo Spohr faz e com muita competência em A batalha do apocalipse, um livro FANTÁSTICO.

       O livro acontece enquanto Deus - este um ser ficcional, da trama, não o Deus que consideramos- está supostamente adormecido e os arcanjos - especificamente Miguel - controlam o universo. O tema já é conhecido, o ciúme dos anjos pelo amor do criador em relação aos humanos. Pois bem, o Arcanjo Miguel, cego por esse sentimento, ordenou a extinção total dos homo sapiens, mas foi confrontado por uma legião de guerreiros, os 18 anjos renegados, liderados por Ablon, herói desse livro. A guerra estava declarada e Ablon teria vencido se não fosse a delação de Lúcifer. Os 18 renegados foram condenados a vagar pela terra, sempre perseguidos pelos caçadores ordenados pelo tirano Miguel. Mas tarde, Lúcifer também fez sua revolução, mas com o objetivo de torna-se Deus, o mesmo perde a guerra e ao contrário dos renegados que foram condenados a terra, este é expulso do céu junto com o seu exercito, caindo no Inferno. A partir daí desenvolve-se toda a trama que envolve romance, mistério, ação, ficção e mistérios. Ablon é o último renegado, todos os outros foram mortos pelas lâminas dos caçadores, o guerreiro passa por várias aventuras sempre tendo “flashbacks”, misturando o presente com o passado. Recebe o apoio de Shamira, a feiticeira de En-Dor, para permanecer vivo as investidas de Miguel e seu exercito, futuramente estaria entregue a um desconhecido sentimento, uma vez que este é um privilegio humano, a paixão. 

       Os ideais de Ablon, em proteger a raça humana, não foram esquecidos e Gabriel, vendo a ludibriação de Miguel se opõe ao seu irmão e passa a defender os ideais do último renegado. Está preparada a guerra, O arcanjo tirano de um lado e o último renegado do outro, mas Lúcifer não iria deixar de participar dessa "brincadeira" e logo prepara os seus demônios para o dia do acerto de contas, do Armageddon, o sétimo dia, onde são desvendados vários mistérios e onde finalmente o tecido da realidade irá cair juntando assim, o plano astral com o plano real, anjos e humanos. Não necessariamente dessa forma...

       O livro passa por toda a história da humanidade, desde a lendária Babilônia até os dias atuais, sendo algumas partes no Rio de Janeiro. Contém muito conteúdo histórico, recurso que eu achei extraordinário, pois nos acrescenta conhecimento de mundo. O modo como o autor escreve é de admirar-se, ainda mais quando percebi que o livro era nacional, uma vez que, não encontramos tal tema nos livros nacionais. O livro foi escrito de forma muito inteligente, consegue -ainda que na ficção- abordar acontecimentos religiosos que não desrespeita nenhuma seita desse tipo, mescla a feitiçaria, anjos, demônios, uma criança sagrada –que pode ser Jesus, ou não- criando um ambiente ficcional, não exaltando nenhuma verdade religiosa absoluta. A linguagem é adequada, conta com muitas palavras típicas do âmbito religioso, como: ofanis, ishins, sheol, para isso tem-se um glossário nas últimas folhas, ou seja, você terá sempre que recorrer a esse recurso no início da sua leitura. No meio do livro esse recurso não se faz tão frequente. A epopeia é narrada em uma terceira pessoa e uma parte é narrada em primeira, onde o próprio Ablon conta mais um de seus feitos. Não gosto de livros muito descritivos e Eduardo Spohr consegue a descrição de forma enfática, não deixando o livro em nenhum momento monótono e parecendo com que as palavras estão ali simplesmente pra ocupar páginas. O autor faz o uso de "flashbacks" que é bem interessante, recurso este que nos faz embarcar ainda mais na história.

       Portanto, da mesma forma como Rick Riordan faz em Percy Jackson, Sphor faz em A batalha do apocalipse misturando a ficção com o mundo real, recurso que aprecio muito. 

       A batalha do apocalipse é uma epopeia extraordinária, tão verossímil que acreditei de fato na história, mergulhei em cheio nas aventuras de Ablon, que não queria mais voltar para a superfície.

Abraços!

Resenha: O Menino do Pijama Listrado





Título: O menino do pijama listrado
Autor: John Boyne
Editora: Companhia das Letras 
Ano de lançamento: 2007
Número de Páginas: 192

Avaliação:





                   A grande guerra havia sido um grande desastre para a Alemanha, o Tratado de Versalhes impôs a essa nação normas rigorosas e humilhantes que fez com que a malta passasse a desconfiar da forma de governo vigente. Como forma de "solucionar" o humilhado ego Alemão, surge um homem com fogo nos olhos, um bigode menor que a boca -que nos faz pensar pra que ele está ali- e influências Fascistas, que consegue persuadir a população alemã. Claro que você sabe de quem eu estou falando, o autor de Mein Kampf (Minha Luta) onde está suas ideias antissemitas e racistas, que mais tarde resultaria em práticas ditatoriais nazista em toda a segunda guerra mundial. É ele, Adolf Hitler.

                    É nesse contexto que decorre toda a história do menino do pijama listrado. Bruno tem 9 anos, mora em Berlim com o pai, o mãe e sua irmã Gretel. Após a visita de Hitler a sua casa, ele vê sua vida mudar completamente, quando é obrigado a mudar-se de Berlim para Haja-Vista - na realidade, Auschwitz. Seu pai, agora era comandante do campo de concentração nessa cidade, coisa que Bruno não entendia e nem dava importância. Em Haja-Vista não tinha amigos era, realmente, um tédio. Não estava satisfeito e fazia questão de deixar isso bem claro.


“Uma coisa é certa: ficar sentado se sentindo infeliz não vai mudar nada.”
                
                  Porém, já que não podia fazer muita coisa o jeito foi adaptar-se. Da janela de seu quarto, Bruno passou a observar que existiam pessoas ao redor daquela casa, a possibilidade de conhecer alguém o animou, mas havia algo de estranho naquelas pessoas, todas elas usavam roupas incomuns, a vida passava longe dali. A curiosidade somada a monotonia fizeram com que Bruno se aproximasse do local "explorando". O garoto andou por muito tempo até deparar-se com o símbolo mais marcante de  intolerância da segunda guerra, o campo de concentração. Bruno acaba deparando-se com Shmuel "o menino do pijama listrado", um garoto judeu que vivia do outro lado da cerca  porém, esse impasse não será um entrave de impedir uma amizade verdadeira, inocente, sem rótulos e emocionante. É a partir desse momento que o livro se torna mais cativante.

(...) Ele viu um ponto, que logo depois virou uma mancha, que virou um vulto, que virou uma pessoa, que virou um menino e que virou Shmuel.


               O livro tem uma "pegada" bem infanto-juvenil, a linguagem é muito simples e bastante repetitiva, o que chegou a me incomodar um pouco. Eu li esse livro em um dia. A narrativa começa "calma" um pouco lenta, e só vem a ficar boa mesmo a partir do início da amizade entre o ariano e o judeu onde as diferenças começam a ficar mais expostas e fazer-nos refletir como alguém conseguira ter um pensamento tão rude quanto aquele. 


"Você é o meu melhor amigo, Shmuel”, disse ele. “Meu melhor amigo para vida toda.” […] E então o cômodo ficou escuro e de alguma maneira, apesar do caos que se seguiu, Bruno percebeu que ainda estava segurando a mão de Shmuel entre as suas e nada no mundo o teria convencido a soltá-la.

          O autor consegue abordar um tema tão forte como o holocausto com muita sutileza, o que eu achei espetacular. O enredo é bastante envolvente, Shmuel é um personagem incrível. Fiquei - como sempre - tentando especular o final e como Boyne iria fazer pra não ser ofensivo as duas nacionalidades, judeus e alemães. Confesso que fui surpreendido com o desfecho, é emocionante e imprevisível. Não consigo imaginar um final melhor. 

“Não dói tanto assim. Não torne as coisas piores, pensando que dói mais do que você realmente está sentindo.” 

            Portanto, O Menino do Pijama Listrado é um livro interessante e emocionante, a narrativa demora um pouco para fluir e talvez esse seja o único impasse da obra, ainda assim merece a sua atenção. Simples, emocionante e cativante O Menino do Pijama Listrado é feito para refletirmos e deixarmos ser levados pelo cada vez mais existindo sentimento humano, a sensibilidade.


"A infância é medida por sons, aromas e visões, antes que o tempo obscuro da razão se expanda."


Essas imagens foram retiradas do filme, sim também tem um filme. Que é bem fiel ao livro, o trailer está aqui em baixo.



                                                                                  Abraços!